O CULTO À INFÂNCIA NOS TERREIROS
Por Hendrix Silveira* Aproveitando o dia capitalista da criança quero fazer uma pequena reflexão sobre o culto à infância nas comunidades-terreiro gaúchas. Não um culto às crianças, pois isso não existe nessas tradições, mas um culto a representação da força infantil. A própria existência de tal culto já nos garante a importância dessa força para as sociedades africanas e isso reverbera nas religiões "descendentes", se é que posso usar este termo. Me refiro aqui ao Batuque, à Umbanda e à Quimbanda. No Batuque a força infantil é cultuada sob a forma dos Òrìṣà Ibéji, uma dupla de divindades crianças que, na África, por vezes são cultuadas como dois meninos ou um casalzinho, mas sempre são irmãos. No Batuque são cultuados como um casal, filhos de Ṣàngó e Ọ̀ṣun. Seus ìtán os revelam como divindades poderosas capazes até mesmo de vencer Ikú, a Morte. São poderosas na resolução de problemas e trazem saúde e felicidade a seus cultuadores. O seu principal rito é a Mesa de Ibéji, litu