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Mostrando postagens de 2025

Àmàlà: alimento, memória e espiritualidade

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Uma das formas de servir o Àmàlà na Nigéria Hoje, 30 de setembro , celebramos Ṣàngó , divindade da justiça, do fogo e do trovão. É também o dia de lembrar o alimento que se tornou um de seus maiores símbolos: o àmàlà . Na Nigéria , entre o povo yorùbá, o àmàlà é um prato tradicional e cotidiano. Feito a partir de farinhas como a de inhame (yam), de mandioca (láfún) ou de banana-da-terra verde , ganha consistência elástica após ser misturado com água quente e acompanha sopas ricas em vegetais, quiabo e feijões, assim como carnes de todo tipo. Do ponto de vista nutricional , é um alimento de grande valor: fonte de carboidratos de lenta absorção, fibras que auxiliam na digestão, além de minerais como potássio, fósforo e ferro, e vitaminas do complexo B que fortalecem o corpo. É, portanto, um alimento  que nutre e sustenta - corpo e vida. No Brasil , o àmàlà ganhou novas formas e sentidos, tornando-se uma comida sagrada . No Candomblé , prepara-se com quiabos, cebola, azeite de ...

QUEM É A POMBAGIRA?

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Por Hendrix Silveira* Pombagira: origem, sincretismo e arquétipo feminino O termo Pombagira – também grafado como Pomba Gira, Pomba-Gira ou Pombogira – é resultado de uma corruptela de Mpambu Njila (ou Nzila) , divindade dos caminhos do povo Bakongo, de Angola e do Congo. Trata-se de uma entidade masculina que chegou ao Brasil durante o período da escravidão e foi preservada nos Candomblés de nação Angola/Congo, sobretudo na região do Rio de Janeiro. No contexto da escravidão, a Igreja Católica incentivou o sincretismo entre divindades africanas e santos católicos como estratégia de conversão, repetindo um método já utilizado na Europa medieval. No entanto, o que de fato ocorreu foi um hibridismo cultural (BHABHA, 2013): os santos católicos se associaram aos Orixás, criando novas formas de religiosidade. Com o surgimento da Umbanda no início do século XX, esse hibridismo permaneceu, mas trouxe consigo novos desafios. O primeiro deles foi a figura de Exu . No culto yorubá, Exu é funda...

O Apronte no Batuque: um caminho teológico e filosófico

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Nas tradições de matriz africana, alguns termos carregam em si não apenas um significado ritual, mas toda uma filosofia de vida. É o caso do apronte no Batuque. Mais do que uma preparação cerimonial, ele é compreendido pelos vivenciadores como o momento em que a pessoa se torna capaz de receber, viver e manifestar a força de seu orixá. Não se trata de “fazer” um Òrìṣà - pois o Òrìṣà já existe desde sempre -, mas de aprontar a pessoa para que sua relação com o divino se torne plena. O apronte é, assim, uma experiência de revelação: aquilo que já estava inscrito na ancestralidade e no destino se torna visível e operativo. Apronte na hierarquia do Batuque O Batuque possui uma organização que é fundamental para o funcionamento da tradição e a preservação de seus saberes. Na hierarquia, o estágio que sucede ao Abíyán é o apronte. Tornar-se pronto, vale destacar, não é uma escolha arbitrária, mas uma necessidade ditada por circunstâncias específicas. Há cinco motivos principais q...