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Mostrando postagens de outubro, 2022

A RODA DO BATUQUE

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Por Hendrix Silveira* Dia desses eu e minha esposa, Patricia de Oyá, estávamos assistindo no Youtube um vídeo de uma festa à divindade Oyá no Nagô, uma das tradições de matriz africana que se estrutura em Pernambuco,¹ e como nos parece vimos muitas semelhanças com o Batuque. Exceto num ponto. Todas as tradições de matriz africana possuem um momento litúrgico em que se dança em roda, mas percebemos que no Batuque ela tem uma importância muito maior que em outras tradições. No Candomblé há uma separação entre o momento em que os iniciados dançam, a roda, e o momento em que os Orixás manifestados dançam. Nesta sequência a roda é desfeita para dar lugar aos Orixás dançarem. No Tambor de Mina do Maranhão também há roda, mas esta não se desfaz com a manifestação dos Orixás. O mesmo acontece no Nagô e no Xambá de Pernambuco e também no Batuque do RS. Mas como disse, ao observarmos a roda no Nagô pelo Youtube percebemos que ela se desfaz muito facilmente, fica com "buracos", seguidam

O USO DA ROUPA BRANCA NO BATUQUE

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Por Hendrix Silveira* Tenho percebido em serões e em festas de Batuque que há um certo desconhecimento a respeito das roupas dessa tradição, sobretudo no tocante a sua cor. A cor nas tradições africanas não são meramente parte de questões estética, mas também e principalmente de FUNDAMENTO. Mas creio que antes de falar sobre isso, preciso explicar o que é fundamento. Isto sempre foi motivo de indagações: qual a diferença entre fundamento, costume e tradição? Embora as palavras pareçam guardar um mesmo sentido - e é justamente isso que causa tanta confusão - não possuem a mesma função no tocante as tradições de matriz africana. As tradições são inventadas e, segundo Hobsbawm (2012), é "um conjunto de práticas, normalmente reguladas por regras tácita ou abertamente aceitas; tais práticas, de natureza ritual ou simbólica, visam inculcar certos valores e normas de comportamento através da repetição, o que implica, automaticamente; uma continuidade em relação ao passado." Geralmen

SOBRE LUGAR DE FALA

Por Hendrix Silveira* Já faz algum tempo que me pergunto: qual é o meu lugar de fala? A conclusão a que cheguei estudando sobre o tema é a de que todo mundo fala de um lugar. Me valendo das categorias desenvolvidas por Juana Elbein dos Santos, penso que este lugar pode ser desde dentro ou desde fora. O desde dentro requer experiência de vida. O desde fora requer estudos profundos. O desde fora deve dialogar com o desde dentro para se ter uma apreensão total do tema. O desde dentro deve dialogar com o desde fora  para racionalizar sua experiência. Tenho desconfiado da acusação de que há um conflito "emoção versus razão" apontado pelos que interpretam Senghor dessa forma. Acredito realmente, com base na cosmopercepção africana de Oyewumi, que o pensamento afrocentrado desenvolvido por Asante, se vale de todos os sentidos humanos, incluído aí a razão, em igual proporção. Com base em Platão tenho dito que opinião não é e nunca será conhecimento. O conhecimento vem do estudo profu