Postagens

Mostrando postagens de 2012

Gbobo ohun ti a bà se ni ayé l'a o kunlẹ̀ rò ni Ọ̀run: processo escatológico no Batuque do Rio Grande do Sul

Imagem
Todas as religiões possuem uma complexidade teológica. E toda teologia pressupõe estudos a respeito de três elementos fundantes nas crenças religiosas: a teogonia (origem das divindades), a cosmogonia (origem do universo) e a escatologia (fim último de todas as coisas). Este artigo pretende expôr alguns elementos da escatologia nas religiões de matriz africana com enfoque no Batuque do Rio Grande do Sul, apresentando dogmas, doutrinas, liturgias e divindades relacionadas com o tema, a partir de uma epistemologia construída sobre um diálogo entre elementos teóricos da Filosofia, da Teologia e da História das Religiões. Leia o artigo completo clicando AQUI : Ao citar este texto use a seguinte referência: SILVEIRA, Hendrix. Gbobo ohun ti a bà se ni ayé l'a o kunlẹ̀ rò ni Ọ̀run: processo escatológico no Batuque do Rio Grande do Sul. Identidade! . Vol. 17, nº 02, 2012. p. 247-258.

Quindim: doce africano ou português?

Imagem
Sempre quando falo que o quindim é um doce africano levantam-se pessoas para defender a teoria de que na realidade seria português; que foram os portugueses que inventaram a receita, etc., o que me deixou intrigado e dei uma pesquisada para saber mais a respeito. Essa discussão já gerou polêmicas até em redes sociais, pois na religião de matriz africana do Rio Grande do Sul, o Batuque, o quindim é largamente utilizado e é empregado como alimento sagrado da Orixá Oxum. É daí que surgem os questionamentos, pois como poderia um doce português ser ofertado a uma divindade africana? A resposta parece ser bem simples: este doce é amarelo, feito de ovos e é doce. E todos estes elementos fazem parte do culto à Oxum. Estes pontos, no entanto, não legitimam a teoria de que sejam africanos, pois as religiões tradicionais africanas tiveram que ser adaptadas ao novo contexto geográfico e tiverem que se utilizar de elementos disponíveis aqui para a manutenção do culto. Claro que se observou

Prefeita negra em cidade alemã!

Imagem
Se alguém ainda não sabia... a Prefeita eleita na cidade de Dois Irmãos, Tânia da Silva, do PMDB, além de mulher e separada, é negra. E suas longas tranças afros deixam claro que ela não tem vergonha de suas origens. Tânia Terezinha da Silva é natural de Canoas, Região Metropolitana de Porto Alegre, mas quando ainda criança seus pais fixaram residência em Dois Irmãos. É enfermeira e venceu as eleições para a prefeitura de Dois Irmãos com 51,67% dos votos, quebrando vários tabus. Dois Irmãos é um município gaúcho intimamente ligado à imigração alemã no Rio Grande do Sul, pois em 1825 recebeu os 2 primeiros imigrantes alemães, menos de um ano após São Leopoldo, o primeiro núcleo. A cultura do município preserva as origens alemãs em festas e comemorações, além da língua falada em muitos lares. Dos 27.572 habitantes da cidade, apenas 6,13% consideram-se negros ou pardos. Parabéns, Prefeita Tânia da Silva! *Recebido por e-mail do Prof. Ms. Jorge Euzébio Assumpção*

II Dida Ara - Encontro Nacional de Religião Afro e Saúde

Imagem
Eutanásia, pesquisa com células tronco, inseminação artificial, transplante de órgãos, mudança de sexo, tatuagens e piercings... Como a religião de matriz africana lida com isso? Descubra participando. Clique na imagem abaixo para maiores informações.

Porque devo estudar Afroteologia*

Imagem
Ao contrario do que muitos pensam o estudo da teologia não se restringe apenas aos cristãos, intelectuais e acadêmicos. A teologia é tarefa para todos, de todas as religiões. Não é um meio de se destacar entre os sábios e entendidos em matéria de religião, também não é um estudo direcionado em conhecer a totalidade da revelação de Olódùmarè ao Homem, pois certamente isto não irá acontecer, visto que nossa limitação não pode compreender a revelação de Olódùmarè de forma completa, pois ele é eterno e infinito, ao passo que somos seres limitados como diz o provérbio " ọwọ́ ọmọdé ò tó pẹpẹ, tàgbà ò wọ kèrègbè " (A mão de uma criança não consegue alcançar uma prateleira, a mão de um adulto não entra dentro de um porongo). É um meio de termos um relacionamento mais próximo com o Eterno, de conhecermos seus atributos, sua vontade, a teologia nos leva ao encontro da graça de Olódùmarè . Não somente um meio de exercício do intelecto, numa tentativa de conhecer a vontade de Olódùmarè

Curso Mídia e Racismo em Sala de Aula

Imagem
Se inscreva e divulgue. Estou entre os facilitadores.

Religião afro atacada em Pelotas

Imagem
Não tem fim os ataques torpes a religião de matriz africana. A prova de que jornalistas escrevem o que bem entendem sem se preocupar que suas opiniões gerem massa crítica vilipendiadora e inconstitucional esta bem representada em duas postagens do jornalista Rubens Filho, no blog Amigos de Pelotas . A obliquidade cultural do Sr. Rubens Filho, no tocante às religiões de tradição africana, fica evidente já no título grosseiro do texto e que segue no próprio. O autor critica a publicação da notícia como algo "normal". Parece que o nobre jornalista discorda dessa normalidade. Talvez, para ele, seja anormal rituais religiosos que incluem a imolação de animais. Talvez normal seja a imolação apenas nos templos do capitalismo onde são "oferecidas" ao deus Lucro meio milhão de animais por dia para uma população ávida por produtos de couro e "Macs-alguma-coisa". Talvez normal seja comprar carnes num açougue e imaginar que elas brotaram do solo. Talvez seja nor

Record ataca religiões afro, novamente

Imagem
Termo cunhado pelo Teólogo Afro Jayro Pereira de Jesus, Afrotheofobia se refere a discursos e práticas de todo o tipo que discriminem e preconceituam as religiões de matriz africana e afro-brasileiras. As religiões afro foram perseguidas ao longo da história humana devido a uma série de fatores, todos ideológicos. O principal perseguidor, desde sempre, foi o cristianismo tanto direta quanto indiretamente. O que motiva essa perseguição, penso, é um dos elementos mais importantes dessa religião: o conceito de bem e mal, ou melhor, o seu maniqueísmo. Para os cristãos o bem e o mal são forças distintas que se originam em “seres” distintos. Assim o “bem” tem origem em Javé, enquanto o “mal” tem origem no diabo. Estas ideias teológicas possuem fundamentação em Agostinho de  Hipona, que publicou em 426 o seu “Cidade de Deus”, onde descreve o mundo dividido entre o dos homens (o mundo terreno, sem deus e por consequência à mercê do diabo) e o dos céus (o mundo espiritual, livre do mal e do d

Manifesto dos Brancos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Imagem
Encontrei uma parte deste texto enquanto fazia uma limpa na minha estante, vendo o que poderia ser descartado e o que eu deveria manter. Ele é antigo, de 05 de fevereiro de 2006, mas acho que é bem pertinente para este momento em que, novamente, os inconformados discutem a validade das cotas na UFRGS. No texto que tenho está assinado por Antônio Lima, e está com a data já mencionada. Não sei quem é nem sei se foi ele o autor do texto. Vasculhando pela internet não tive dificuldades em encontrar o texto completo noutro blog e o reproduzirei na íntegra. ______________________________ Manifesto dos Brancos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Estudantes racistas da UFRGS exercendo sua inteligência  superior para dar vasão á sua liberdade de expressão. Este texto é um manifesto escrito e subscrito por brancos que compõem a comunidade escolar da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Ele é uma retumbante admissão pública, por nossa parte, de que vivemos em um c

Oficinas de Temática Afrodescendente

Imagem
I Seminário Estadual de Estudos das Religiões de Matriz Africana Desde 2006, quando trabalhei para a Secretaria de Cultura do Estado do Rio Grande do Sul, desenvolvi e realizo duas oficinas voltadas para a compreensão da temática afrodescendente. Estas oficinas já atenderam cerca de 30 escolas (algumas repetiram em anos seguidos), totalizando juntas mais de 5 mil espectadores entre alunos e professores desde as séries finais do Ensino Fundamental até cursos de graduação na PUC, Unilasalle e FAPA; além de cursos de formação para funcionários no Hospital Cristo Redentor e em comunidades terreiros gaúchos e catarinenses. Agende as oficinas em sua instituição através dos fones (51) 985512390 ou (51) 984546152 . Valores acessíveis. Abaixo release das oficinas. 1 - Oficina Educação Anti-Racista e a  História e Cultura Africana e Afro-Brasileira O racismo no Brasil existe de forma naturalizada o que torna a compreensão da necessidade da luta anti-racista muito difíc

Qual a classificação das religiões afro?

Imagem
 Existem muitas teorias a respeito da classificação das religiões de matriz africana. Alguns estudiosos às classificam como sendo animistas, pois entendem que os Orixás são as forças ou elementos que animam a natureza. Alguns esotéricos até chamam os Orixás de Elementais, pois entendem que Eles são como estes seres protetores da natureza. Outros pesquisadores entendem que os Orixás são deuses, pois possuem templos dedicados à Eles, poderes capazes de realizar feitos incríveis e que podemos interagir diretamente com Eles. Há ainda uma terceira teoria que afirma o monoteísmo dessas religiões com base na análise da figura de Olódùmarè, que é completamente deixada de lado pelas teorias anteriores. Olódùmarè (ou  Ọlọ́run ,  Ọba - Ọ̀ run , etc.) é entendido pelos iorubás como sendo o seu Deus. Detentor dos poderes que possibilitam e regulam toda a existência, tanto no  Ọ̀ run (mundo imaterial, transcendente) como no Àiyé (mundo material, imanente). É de Olódùmarè que vem o Àṣẹ , a fo

Curso de Iorubá em Porto Alegre

Imagem
Recebi hoje um e-mail do Prof. Dr. - e meu amigo pessoal - Norton F. Corrêa divulgando um curso de Iorubá ministrado pelo Prof. Gideon Babalola Idowu na Casa de Cultura Mário Quintana, em Porto Alegre. O Prof. Corrêa ainda informa o que segue: "O Prof. Idowu, africano da etnia Iorubá, graduado em Letras pela UFRGS e com estudos nos EUA, é autor de uma ótima gramática iorubá, recentemente reeditada [ Uma abordagem moderna ao yorùbá (nagô) : Gramática, Exercícios, Mini Dicionário]. Meu amigo pessoal desde muitos anos, quando estudou e se radicou em Porto Alegre, me auxiliou, muitas vezes, na tradução de palavras utilizadas no batuque. É um profissional muito sério, competente e profundo estudioso da língua Iorubá, características estas pelas quais o recomendo. Assim, peço aos amigos o obséquio de divulgar o curso através de seus sítios e redes de relacionamento, pelo que agradeço. Maiores informações no sítio www.edeyoruba.com ou com o Prof. Gideon, pelo email

Metodologia de pesquisa afro-religiosa

Uma discussão entre eu e um amigo num grupo do Facebook chamou a atenção de Bàbá Gilson de Obá que quis publicar no seu blog. Transformei a discussão num pequeno texto sobre metodologia simplificada para a pesquisa sobre a religião afro. Clique aqui para ler.

Espetáculo sobre religião Afro

Imagem

SEMINÁRIO SOBRE INTOLERÂNCIA RELIGIOSA

Imagem
Visões a Respeito da Intolerância Religiosa, pensamentos e Críticas, o Caminho Rumo a Aceitação da Pluralidade Religiosa Estabelecendo um diálogo inter-religioso esperamos conscientizar o público a respeito da diversidade cultural e do pluralismo religioso presente no país, mas que apesar de tudo constantemente vemos casos de intolerãncia . A partir desta análise e da compreenção do que é a fé do outro para assumirmos uma postura de respeito e tolerância e encontrar caminhos e soluções teóricas e práticas para não apenas estabelecer outros diálogos, mas realmente caminhar em busca da aceitação do outro. A intolerância religiosa é tão antiga quanto a própria história da religião, o reconhecimento do outro como seu semelhante sempre foi um problema, negar o outro é de uma certa forma afirmar sua identidade a partir dessa negação, assim, como Reinhart Koselleck deixa claro ao pensar no contraconceito assimétrico, onde uma determinada sociedade indentifica-se

LÓRÒGUN - RITO DE GUERRA

Imagem
Por Hendrix Silveira* O modo de produção econômico principal entre os povos da África Pré-Colonial era a agricultura. A produção excedente era comercializada em grandes mercados. Mas a agricultura é uma atividade muito frágil: o tempo (incontrolável) e a mão-de-obra são fatores determinantes para a economia de uma região. Por isso muitos povos, na ansiedade de garantir uma subsistência durante o ano todo, travavam conflitos com a intenção de dominar regiões e assim cobrar tributos desses reinos. Com os iorubás não era diferente. Existe ainda hoje um grande reino iorubá, no estado de Oxum, chamado Ijexá , origem da nossa Nação gaúcha. Este reino possui sua capital na cidade de Ilexá, onde cultua-se o Orixá Obokun que, embora sendo um Orixá da criação (Oxalá), é um guerreiro poderoso, tão importante na região que dá título ao rei (Obá Obokun). Os Ijexás são um povo extremamente guerreiro. Travaram muitas guerras contra outras etnias iorubás para a manutenção dos seus domínios. E é

Umbanda na Vila São José - Porto Alegre

Sou morador da Vila São José desde que nasci. Vi esta vila crescer em número de casas e de centros de Umbanda o que me levou ao questionamento: como a Umbanda foi parar na Vila e por que os moradores a aceitaram apesar da crítica cristã sobre essa religião. Este trabalho vem ao encontro desses questionamentos na intenção de respondê-los se não totalmente ao menos em parte. Para tanto, me proponho a analisar os processos que levaram o povo da Vila São José a adoção da Umbanda como sua confissão religiosa. Identificarei a dinâmica da ideologia umbandista na Vila São José; a desconstrução dessas ideologias pela comunidade religiosa cristã no transcorrer do século e a reminiscência dessa concepção hoje; e a caracterização da religiosidade, da economia e das relações sociais dos moradores da vila. https://docs.google.com/open?id=0B4nGBqn2MxtfVFJJTXNiS2FRQzYxUTBhWW51dWJ6Zw

RÚBỌ ÒRÌṢÀ - As Oferendas na Religião Afro: usos e sentidos

Imagem
Àgo yè égbòn! Acreditamos que o nosso mundo, o Àiyé , é simbionte com o Òrun , o mundo transcendente. Tudo o que acontece aqui tem reflexo lá e vice-versa. O Òrun não é o céu como alguns antropólogos afirmaram. Pois não existe essa distância entre o Òrun e o Àiyé . O Òrun está aqui e agora, não podemos vê-lo, mas está aqui. Oferendas no Ojubó do Ilé Àse Òrìsà Wúre A terra pertence aos Òrìṣà , por isso os alimentos cultivados nela também pertencem à Eles. A relação das oferendas, que os leigos chamam de despachos, é de tributo aos Òrìṣà . Se nós nos alimentamos é graças ao Àṣẹ de fertilidade e fecundidade dos Òrìṣà manifestados nas plantações e nas culturas de animais de abate, então lhes oferecemos parte do alimento como agradecimento pela doação desse poder. A urbanização do culto deturpou alguns desses conceitos mas sua essência é a mesma. Como os dois mundos são simbióticos, vemos em certos pontos do Àiyé espaços de ligação direta (como portais) com o Òrun . Estes espaço

Game sobre Revolta dos Alfaiates está disponível para download

Imagem
Carol Soledade Núcleo de Jornalismo Assessoria de Comunicação Jogo é financiado pela Fapesb, pelo programa Pró-Forte UNEB e tem apoio do CNPq. Imagens: Divulgação Simular o cenário da sociedade baiana no fim do século XVIII, durante a Revolta dos Alfaiates (ou Revolta dos Búzios), resgatando a história e criando um espaço virtual no qual estudantes e professores podem discutir conceitos e significados sobre esse importante momento histórico. Esses são os objetivos do novo game pedagógico Búzios: Ecos da Liberdade, que já está disponível para download no site www.comunidadesvirt uais.pro. br/buzios . A iniciativa foi desenvolvida pelo grupo de pesquisa Comunidades Virtuais de Aprendizagem, do Programa de Pós-Graduação em Educação e Contemporaneidade (PPGEduC) da UNEB. A professora da universidade Lynn Alves, coordenadora do grupo de pesquisa, explica que o jogo é em versão 2D, no estilo adventure, desenvolvido em um software esp